quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Meu primeiro vídeoarte

Ontem fiz um vídeoarte. Pornô. Não foi bem ontem, faz alguns dias, ou semanas, ou poucos meses. Mas fiz. Corpos nus, desnudados, pênis, afeto: tudo isso fazia parte de uma poética.
Ainda que fizesse parte de uma poética, sinto que o afeto de ambos os personagens do vídeo não foi o ponto mais evidente da estória, ou do trabalho, como havia pensado que seria. Achava que esse afeto deixaria nossas genitálias logo eretas, sem saber o que fazer ou aonde apontar, com medo e tensão, mas desejo. Mas, incrivelmente, a câmera falou mais alto.
A presença da câmera ali apontou o desenvolvimento do vídeo. O uso/espaço/local/presença da câmera foi o que nos afetou. A lente à nossa frente, ou à frente de nossos sexos, como se queira, esconde ou espia um olhar voyeur, um olhar de outrem, um espectador que verá e terá acesso a esse material. Alguém para quem, diretamente, mostraríamos nossos sexos, eretos ou não, mesmo que em um espaço-tempo distinto daquele. Nada mais parecia afetar, nem a luz da tarde de sol fria, o lençol na janela, os quartos e os DVDs, as marcas na parede, a cama na qual nos sustentávamos, e onde, outrora, havíamos nos deitado e deixado registrado o nosso cheiro, ou mesmos nossos corpos, um ao lado do outro, quase se tocando. Nada disso nos afetou.
Mas a câmera ali, sim, nos afetava. Havia ali, através do visor da câmera, o olhar sobre nós mesmos, nossos corpos, pêlos e sexos, assim como para o corpo do outro. Observávamos, analisamos, mais do que deixávamos espaço para qualquer desejo. Ou uma preocupação de provocarmo-nos ansiava por uma ereção que teimava em não vir, ou que nem se preocupava em vir. Além disso, aquilo seria registro; e que peso ter aquela imagem ali, aparentemente espontânea, transformada em registro histórico, cultural, artístico, contemporâneo, e, por fim, afetivo! Que peso nossos corpos e sexos receberiam apenas no fato de estarmos ali, sendo filmados e gravados, de que peso pessoal aquele momento se constituiria, como lembrança ou ressuscitador de lembranças mais tarde. Lembranças artísticas, afetivas e pessoais.

sábado, 17 de setembro de 2011

Porntaping - Desnudando

O título desse blogue faz analogia ao termo sextape, que designa o a produção de filmes pornôs amadores com câmeras portáteis de fácil acesso, com circulação pela rede mundial de computadores. Assim, a idéia é criar um espaço para registro e circulação de informações e material de e sobre pornografia, seja no sentido comercial, seja no amador, seja no artístico, sempre suscitando idéias e questionamentos importantes nesse campo. De um modo geral, meu interesse é acadêmico, mas também segue meus desejos, ou seja, o que será postado aqui dependerá desses dois fluxos. Sigo a orientação de meus desejos sexuais para produzir questionamentos de cunho acadêmico, e vice-versa, se possível.
Pornografia aqui, além disso, será um mote para difundir diversos questionamentos: modernidade e pós-modernidade, sociedade de espetáculo, ficção e realidade, arte contemporânea, reprodução do ato sexual, representação do obsceno. Não obstante, são termos utilizados por autores diversos, que fazem, fizeram ou farão parte das minhas leituras, e que devem movimentar um pouco mais a pornografia como estudo cultural.
Espero que dê certo. E que todos vocês sintam-se bem-vindos.