segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

das amadora

A performance amadora nos leva a imaginar, nas cenas e vídeos assistidos, casais, amigos, sujeitos próximos ou de sexualidade privada, mas que permitem um olhar voyeur da ação: permitem a exposição de seus corpos como elementos sexuais, mas, além disso, expondo suas relações pessoais, afetivas, de confiança e de segurança para um espectador desconhecido. Faz parte de uma espécie de mágica no pornô amador a curiosidade ou o anseio de ir além da cena sexual, se questionando sobre a natureza, a personalidade e a relação cotidiana daqueles parceiros e sujeitos em cena. Se a pornografia profissional saturou os números e os diversos dispositivos performáticos do corpo dentro da ação sexual, o amador vem responder que o caminho pode estar em trazer à tona e colocar em cena o que parece, muito mais que o sexo, localizado numa redoma privada: o afeto e as relações íntimas entre os sujeitos. Em uma sociedade espetacularizada, em que o que mais se vê são corpos, corpos-limites, corpos desejáveis, corpos monstros, belos ou descorporificados, o corpo pornográfico reencontra-se no amador ou se reconstitui ou se reforma a partir da retomada do sujeito, que só o é quando encarna e é marcado pela sua relação afeto com o outro. Nesse sentido, podemos pensar afeto como o ato ou resultado de afetar, de tocar, de influenciar, de mexer, de marcar o outro. O sujeito espectador da pornografia amadora procura ser afetado de alguma forma, e parece ser afetado ao se deparar com o outro que sente afeto pelo corpo com o qual encena, ou seja, com o corpo que também está afetado pelo outro. Como se buscasse ser afetado pelo afeto, ou afetação, do outro.

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