sábado, 15 de março de 2014

me seduz: eu a ti

eu tenho um amor, uma paixão, não sei que nome ofertar-lhe. ainda.
um amor que dura, que perpassa os anos. que perpassa a solidão, a ausência, uma distância.
mas que se baseia, grosso modo, na sedução. a sedução é coisa que passa, mas é coisa que permanece, que fica, mas sem a linearidade de um desejo contínuo. sedução é esquecimento. sedução precisa não existir para se fazer ainda mais forte. talvez a sedução seja mesmo a dissimulação de sua própria inexistência. ou existência.

e assim, caminho, seduzindo esse amor, esse cara.
eu falo de sexo, ele também. tenho a impressão de que gozamos juntos.
é feminino, é como se houvesse um feminino entre nós. uma clivagem que nunca se completa, que nunca se extingue. um espaço, uma distância que nunca se abate, o tempo todo sendo tentada a ser abolida, em vão.

e assim, sigo apaixonado, meu querido.
me seduz que eu (te) adoro.

"o gozo pode ser apenas o pretexto de um outro jogo mais apaixonante, mais passional (...) desafio que prevalece sobre a operação pura do desejo, pois sua lógica é bem mais vertiginosa, pois é uma paixão, enquanto o outro não é mais que uma pulsão"
(BAUDRILLARD, Da Sedução: 24)

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